quinta-feira, 13 de outubro de 2011

AS MULHERES NEGRAS E AS POLÍTICAS PÚBLICAS

Mesmo observando avanços alcançados pelas mulheres no mercado de trabalho,  isso a nível familiar como a nível profissional, este avanço é muito restrito quando  se observa a situação da mulher negra. Neste contexto, existem poucas mulheres negras trabalhando como executivas,  médicas, enfermeiras, juízas, advogadas dentre outras profissões que o meio social considera como de destaque.

Mesmo aquelas que possuem diploma universitário, sofrem as situações de discriminações do  mercado. Dentre essas, muitas não conseguem exercer a profissão que se empenharam na universidade  e assim continuam(em sua maioria) exercendo as mesmas profissões que imperiosamente o passado  lhes condicionou.
Mesmo diante dessa situação, por diversas vezes, a mulher negra têm se mostrado como aquela que mantém da família, não só no contexto atual, em que sozinha criam e educam seus filhos, como ocorrido no  passado.

Quanto a saúde, segundo Silva Santos(2009), o percentual de mulheres negras que não possuem acesso ao exame ginecológico está em torno de 10%, o que é  superior ao número de mulheres brancas; 44,5% das  mulheres negras não tiveram em énmbrancas; entre 2000 e 2004, a infecção por HIV/AIDS aumentou de 36% para 42,4% entre as mulheres negras, em relação a população feminina branca, a incidência de casos  acabou diminuindo, neste período. 

Ao se fazer uma análise mais apurada em relação a efetivação dos direitos das mulheres negras, isso se torna dramático, pois a representatividade política destas é muito pequena, configurada na situação de que não há um contingente significativo de mulheres negras no parlamento. Isso  resulta muitas vezes na falta de criação e concretização políticas públicas voltadas para  esta parcela da população, que muitas vezes são implantadas de forma genéricas, e no contexto de desigualdades social, racial e de gênero é necessário a realização de políticas públicas de cunho específico para as mulheres negras, pois estas são vulneráveis a ocorrências de violação de direitos humanos. 

domingo, 9 de outubro de 2011

Movimentos de Mulheres


Na história do Brasil, mulheres estiveram presentes em movimentações políticas e culturais desde as lutas coloniais. Mulheres negras envolveram-se na resistência à escravidão e em movimentos abolicionistas, trabalhadoras da cidade e do campo participaram das primeiras lutas sindicais, mulheres de distintas classes instituíram uma agenda de emancipação feminina desde o século XIX, exigindo direito ao trabalho, à propriedade e à herança, à educação, à criação artística e literária, à participação política e ao voto feminino - conquistado, finalmente, em 1932.
Nos anos 1960, novas inquietações se instalam entre as mulheres brasileiras. Em 1964, um golpe militar instaura um regime ditatorial, cerceando liberdades democráticas e instaurando a censura e a repressão política. Paralelamente, o país se industrializa, urbaniza e moderniza aceleradamente, e alteram-se os estilos de vida, as dinâmicas familiares, os padrões de fecundidade, as formas de consumo e modos de acesso à informação. As mulheres não ficam passivas a esses acontecimentos. Engajam-se ativamente nos debates políticos e culturais da época: querem ter autoria na transformação da sociedade e das condições de sua participação nela. Movimentam-se cada vez mais pelo mundo da política, das artes, da literatura, da técnica, da ciência e da comunicação. Podemos vê-las mais e mais presentes no mundo profissional e na educação superior. Pouco a pouco sobressaem no comando da administração pública e da gerência privada. E compõem a primeira linha da resistência contra a ditadura militar. 
Ano 1975. A Organização das Nações Unidas o consagra como o Ano Internacional da Mulher. No bojo de suas comemorações, deslancha uma nova onda do ativismo feminista brasileiro. Mulheres organizam-se em grupos de reflexão, movimentos estudantis, movimentos urbanos, partidos clandestinos de resistência à ditadura, movimentos pela anistia, comunidades de base e sindicatos. Brasileiras retornadas do exílio vêm somar-se a elas, a partir de 1979, trazendo na mala as contribuições do debate feminista no exterior. De norte a sul do país, grupos de mulheres organizam oficinas de autoconhecimento, promovem debates, realizam manifestações de rua, fazem denúncias, publicam jornais alternativos e desenvolvem pesquisas. 
Nosso corpo nos pertence! Quem ama não mata! O pessoal é político! São motes que mobilizam corpos, corações e mentes e que ainda ressoam nas gerações feministas mais novas! A vida cotidiana está em transformação. Discute-se o divórcio, a violência doméstica, a sexualidade, o aborto, o estatuto civil das mulheres. As fronteiras entre o público e o privado, entre o político e o doméstico - barreiras milenares à participação política e à autonomia das mulheres - começam a estremecer. Os anos 1970 ficaram na história como um marco político e simbólico da formação das gerações feministas que conduziriam a bandeira da cidadania e da emancipação das mulheres ao século XXI.
Anos 1980. Em curso a transição política brasileira. Retorno dos exilados, volta ao pluripartidarismo, eleições livres nos estados e capitais. Movimentos sociais invadem o cenário: feministas, negras e negros, periferias urbanas, ambientalistas, trabalhadores rurais, indígenas, novos sindicalismos. Corpos e almas femininos e masculinos também se movimentam entre o som das Frenéticas, tangas de crochê, o boom dorock nacional e poesias de Ana Cristina César e Paulo Leminski. Política e cultura redesenham suas fronteiras, seus estranhamentos e permissividades. 
As mulheres são presença crescente dentro e fora dos lugares tradicionais da política: dialogam com o Estado, partidos e parlamentos; plantam seus temas nas agendas políticas gerais e tomam parte nas negociações da transição; destacam-se nos mundos sindical e artístico e invadem os universos acadêmico e profissional; criam organizações não-governamentais e inauguram a tradição dos congressos de mulheres e encontros feministas. 
Criado em 1985, o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher fortalece a presença feminista no debate político nacional e, junto como os movimentos sociais, articula a participação das mulheres no processo da Assembléia Nacional Constituinte (1986-1988). Constituinte pra valer tem que ter palavra de mulher! Esse é o lema do lobby do batom, força-tarefa que reúne mulheres dos mais variados partidos e movimentos sociais. Elas elaboram emendas populares e recolhem milhares de assinaturas por todo o país, debatem com deputados, partidos, autoridades do executivo e do judiciário e com a sociedade civil. A Carta das Mulheres Brasileiras para os Constituintes, entregue durante solenidade no Congresso Nacional, foi a primeira plataforma política feminista para a sociedade brasileira, trazendo propostas pertinentes a todas as cidadãs e cidadãos brasileiros. 
No longo caminho de construção da cidadania das mulheres, aConstituição Cidadã de 1988 representa um marco histórico: proclama a igualdade jurídica entre homens e mulheres; amplia os direitos civis, sociais e econômicos das mulheres; estabelece a igualdade de direitos e responsabilidades na família; define como princípio do Estado brasileiro a não-discriminação por motivo de sexo, raça e etnia; proíbe a discriminação da mulher no mercado de trabalho e estabelece direitos reprodutivos. 
No decorrer dos anos 1980, os valores, os conceitos, a vida cotidiana, a articulação público/privado e a intimidade estão em transformação. A conversação comum, a linguagem dos corpos, as artes e a literatura, as agendas política e cultural e a nova Constituição do país refletem essa mudança. 
Anos 1990. Momento novo e ambíguo. Recompõem-se o Estado de Direito e as liberdades democráticas; a sociedade civil está fortalecida e organizada e as novas diretrizes constitucionais trazem a promessa de uma ampliação histórica da cidadania. Por sua vez, o ajuste estrutural, as reformas neoliberais e os governos sustentados por bases conservadoras emperram a efetivação dos direitos e o aprofundamento da democracia. Há fortes tensões entre projetos de sociedade muito diferentes e o jogo democrático não está decidido. 
Turbulências político-institucionais, políticas econômicas que acentuam as desigualdades sociais e o modo de incorporação do país aos processos de globalização quebram expectativas e abalam os movimentos sociais. Porém, as mulheres não arrefecem: os movimentos continuam a expandir-se, ampliam a constelação de suas práticas, auto-transformam-se e seguem apostando nas alternativas democráticas. Há uma nova Constituição a ser implementada, há forças sociais organizadas apostando no fortalecimento de uma cultura de direitos e não-discriminação e há espaços para se inventar outras globalizações. Mulheres e movimentos investem na participação nos espaços onde se elaboram as novas leis e programas de políticas públicas; se debatem as reformas da saúde, da educação e de outras áreas de políticas do Estado; se constroem os conselhos e outros mecanismos de controle social da cidadania; e se desenvolvem ações afirmativas para promoção dos direitos. Mergulham também nos processos nacionais, latino-americanos e globais das Conferências Internacionais da Organização das Nações Unidas, apresentando novos olhares para as questões do desenvolvimento, meio ambiente, direitos humanos, população, discriminação, pobreza e exclusão.
No limiar do novo século, as mulheres em movimento estão em muitos lugares diferentes: academia, terreiros de candomblé, igrejas, sindicatos, parlamentos e partidos políticos, associações comunitárias, ONGs, ministérios, serviços públicos, órgãos do judiciário, organismos internacionais, empresas, rádios, teatros, cinema, jornais e espaços virtuais. 
Os anos 1990 ficam registrados na história como o primeiro ato de nossa contemporaneidade: pós-ditadura, pós-Muro de Berlim, pós-nova Constituição Federal, pós-insurgência da nova onda feminista. Assim chega-se ao século XXI: o feminismo florescido em sua quinta-essência como experiência e crítica da modernidade. Não mais "como uma onda no mar", tampouco "movimento específico", representando meramente reivindicações de um grupo da sociedade. E, sim, o feminismo como força producente de cultura, sociabilidade e energia política, falando "para" e "com" todo o mundo, encorajando esperanças e utopias, dando sua contribuição a um projeto de civilização realmente democrática.

Desigualdades de Gênero no Brasil



A relação entre população e desenvolvimento tornou-se objeto de estudo a partir da Revolução Industrial, ocorrida na Europa em fins do século XVIII. A preocupação dos economistas interessados no tema, de modo geral, era garantir a acumulação de capital, com níveis adequados de emprego e salário (além da competitividade externa da economia) para o crescimento da produção. Asquestões de gênero, meio ambiente, equidade e bem-estar não tinham destaque nas correntes dominantes do pensamento econômico.
A equidade de gênero é considerada pelo Fundo de População das Nações Unidas um direito humano, sendo o empoderamento das mulheres ferramenta indispensável para promover o desenvolvimento e a redução da pobreza. Mulheres com maiores níveis de educação e participação no mercado de trabalho estão, em geral, mais capacitadas para contribuir para a saúde e a produtividade de suas famílias e localidades, criando melhores perspectivas para as novas gerações. A importância da igualdade de gênero é evidenciada pela sua inclusão como um dos oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM). A igualdade de gênero é reconhecida como a chave para se alcançar os outros sete objetivos (UNFPA, 2009).
Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODM)
A Cúpula do Milênio (2000) estabeleceu oito objetivos do milênio a serem alcançados em 2015(ODM),
Os países signatários devem:
1. Erradicar a extrema pobreza e a fome;
2. .Atingir o ensino básico universal;
3. Promover a igualdade entre os sexos e a auto  nomia das mulheres;
4. Reduzir a mortalidade infantil;
5. Melhorar a saúde materna;
6. Combater o HIV/Aids, a malária e outras doenças;
7. Garantir a sustentabilidade ambiental;
8. Estabelecer uma Parceria Mundial para o Desenvolvimento.
O Brasil viveu grandes transformações econômicas, sociais e demográficas no século XX. O processo de desenvolvimento foi marcado pela passagem de uma economia primário-exportadora, assentada em bases agrárias e rurais, para uma economia urbana com predominância dos setores industrial e de serviços. O país passou pelos fenômenos da transição demográfica e da transição urbana, por melhorias nos indicadores sociais e por fortalecimento das instituições democráticas e da sociedade civil. Contudo, o desenvolvimento brasileiro aconteceu com aumento da concentração da riqueza e com exclusão social, e só recentemente se inverteram parcialmente os sinais das desigualdades regionais, de classe, de gênero, de raça e geração.
Gênero no Programa Bolsa Família
Estas três políticas públicas (expansão da cobertura da assistência social, valorização do salário mínimo e Bolsa Família) tiveram um impacto positivo na redução da pobreza em termos de classe, gênero, raça e geração, isto é, favoreceram pobres, mulheres, negros e idosos (Cedeplar, 2007; Ibase, 2008; Rocha, 2008). Também tiveram um impacto regional, pois a prioridade é para as regiões mais pobres do país, que recebem, proporcionalmente, maiores recursos decorrentes do aumento do salário mínimo, do BPC/LOAS e do Programa Bolsa Família.
O Programa Bolsa Família teve resultado visível nas relações de gênero ao beneficiar preferencialmente as mulheres como as esponsáveis pelo domicílio (em famílias monoparentais femininas) ou na condição de cônjuge. Segundo Cunha (2007).
A transição demográfica e as relações de gênero
A transição demográfica é um fenômeno único na história humana e ocorre, em geral, de forma sincrônica com o desenvolvimento econômico e social. Entende-se aqui o processo de desenvolvimento na acepção expressa por Singer (1977), isto é, desenvolvimento não meramente como um aumento quantitativo da produção de bens e serviços, mas sim como um processo de expansão qualitativa da divisão social do trabalho, com reconfiguração dos espaços territoriais e melhoria do bem-estar da população.
A redução das taxas de mortalidade e o aumento da esperança de vida são pré-condições para o desenvolvimento econômico e o bem-estar de uma população. A mortalidade precoce interrompe a potencialidade da vida dos indivíduos. A elevada mortalidade infantil é um fardo para a família e a sociedade, especialmente para as mulheres. Toda vida interrompida antes do tempo significa uma subtração não só para o indivíduo, mas para toda a sociedade.
A morte materna é um importante indicador para avaliar as condições socioeconômicas gerais, bem como a qualidade da assistência à saúde das mulheres (Berquó & Cunha 2000; Aquino, 1999; Perpétuo, Wong & Ribeiro, 2006; Martins, 2004; Gomes, 2002). Esses óbitos estão diretamente relacionados a circunstâncias de vida e sanitárias intimamente associadas a construções socioculturais sedimentadas em relação ao lugar e ao papel das mulheres como mães. Entre outros aspectos, os dados disponíveis sobre morte materna informam que há uma correlação importante entre sua incidência e a falta de autonomia reprodutiva das mulheres no que diz respeito à contracepção e, mais especialmente, ao aborto inseguro.
A reversão do hiato de gênero na educação.
Em grande parte do mundo as mulheres têm escolaridade inferior à dos homens. Superar este hiato é uma necessidade, pois os efeitos da educação no empoderamento da mulher manifestam-se no aumento do potencial de geração de renda, na autonomia das decisões pessoais e no controle sobre a fecundidade, além da maior participação na vida pública. Contudo, estes efeitos não são automáticos, pois dependem muito de circunstâncias individuais e dos contextos sociais (nível de desenvolvimento econômico, situação do mercado de trabalho e grau de estratificação sexual) e cultural predominantes.
As mulheres brasileiras entraram no século XXI com níveis educacionais superiores aos dos homens (Beltrão & Alves, 2009), mas nem sempre foi assim. Durante o período colonial as mulheres foram completamente excluídas das poucas escolas existentes. Com a vinda da família real portuguesa ao Brasil, em 1808, e a Independência, em 1822, houve um aumento da oferta educacional, porém, ao sexo feminino cabia apenas a educação primária, com forte conteúdo moral e social, a fim de fortalecer o papel da mulher enquanto mãe e esposa. Já a educação secundária feminina ficava restrita, em grande medida, ao magistério. Na educação superior, as dificuldades de acesso eram mais graves, pois, como já citado neste Módulo, as mulheres foram excluídas dos primeiros cursos de Medicina (1808), Engenharia (1810) e Direito (1827) surgidos no país.
No século XIX teve destaque na luta pela educação feminina a figura pioneira de Nísia Floresta, norterriograndense que, em 1838, criou no Rio de Janeiro o primeiro colégio para moças. Em 1887, Rita Lobato Velho Lopes, gaúcha, tornou-se a primeira mulher a obter o título de médica no Brasil. A luta pela maior inserção feminina na educação teve suas maiores conquistas ao longo do século XX, quando as mulheres foram ultrapassando gradativamente os homens nos diversos níveis de educação, até reverter o hiato educacional de gênero.
Embora a reversão do hiato de gênero para as coortes mais jovens tenha ocorrido desde meados do século XX, nos dados agregados, a reversão ocorreu na década de 1980 e, a partir daí, vem se ampliando a favor das mulheres.
A eliminação das desvantagens educacionais femininas no Brasil foi uma conquista da sociedade.
Isto faz parte de uma mudança mundial de redefinição do papel da mulher na sociedade e de enfraquecimento do sistema de dominação masculino.
Grandes transformações sociais ocorridas no Brasil, como o processo de urbanização e o crescimento do setor terciário da economia, bem como a redução da fecundidade, as mudanças na dinâmica conjugal e familiar e a elevação dos níveis médios de escolaridade tornaram o sexo feminino uma força de trabalho indispensável para o desenvolvimento do país.
Um dos fatores que explicam o aumento das taxas de atividades femininas é a relação positiva que existe entre inserção das mulheres e o nível educacional. À medida que aumenta o nível educacional das pessoas, crescem as taxas de atividade para ambos os sexos.
Trabalho doméstico e mulheres negras
Do total dos empregados no setor doméstico, cerca de 93% são mulheres, existindo um predomínio de crianças, jovens e mulheres negras com baixa renda no desempenho desta função. Se, por um lado, as mulheres negras de baixa renda encontram no trabalho doméstico um espaço laboral relativamente estável, o baixo status desta ocupação coloca-as em um patamar depreciado na hierarquia social e econômica, não oferecendo muitas oportunidades de ascensão social. O trabalho doméstico permanece associado a características raciais e regionais e há uma interseção entre ambas. Mantém-se em nossa sociedade o mito – legado da escravidão – da grande capacidade de homens negros e mulheres negras para trabalhos braçais. Igualmente, persiste a crença sobre a “lentidão” e uma menor capacidade mental de pessoas provenientes de algumas regiões do país, como o Nordeste, que as torna aptas apenas para trabalhos domésticos, como segurança, faxina, cuidado de crianças ou outras similares, fora do leque de trabalhos intelectuais.
A discriminação racial e os lugares socialmente associados às pessoas negras imbricam-se com a condição de pobreza em que vive grande parte desta população no Brasil, numa interseção entre desigualdades sociais, étnico/raciais e de gênero.
Segundo dados da ANDI – Agência de Notícias dos Direitos da Infância, mais de 500 mil meninas estão no trabalho doméstico. Elas não têm direito de brincar porque precisam cuidar de outras crianças, limpar, lavar, passar, cozinhar. É muito trabalho e a e escola fica em segundo plano. Pela lei (Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei 8.069/1990), o trabalho doméstico é proibido para menores de 16 anos. A partir daí, as adolescentes têm direito à carteira assinada, ao salário mínimo, a férias, 13º, descanso remunerado. A mesma lei proíbe o trabalho noturno entre 22h e 5h para adolescentes.

Gênero e Hierarquia Social.


A Hierarquia Social ligada às questões de gênero ainda persiste em ser muito atuante na sociedade. Apesar de ter havido um percentual grande de redução das tarefas domésticas feitas pelas mulheres. O processo cultural machista da humanidade irá tentar de todas as formas manter o status de que o homem é mais forte e melhor preparado para atuar em determinadas funções de trabalhos do que as mulheres. Este fato, tem sido uma forma de sustentação desse processo hierárquico social da divisão sexual do trabalho. Entretanto, as marchas e o movimentos em prol de uma outra estrutura mental de construção da social tem tido muitos resultados positivos nesse processo. A questão que emerge desse debate é como podemos agir enquanto gestor e educadores para reverter à hierarquia social.
Com a mudança de papel da mulher na sociedade, houve uma necessidade de mudança e adaptação do homem aos novos padrões e exigências. A mulher se libertou de anos de submissão e silêncio, assumiu muitas funções ao mesmo tempo, o que veio favorecer, consequentemente, novas relações no espaço doméstico. Na realidade do dia-a-dia de um casal, no lar, na família de um modo geral existe, atualmente, uma divisão de tarefas. O homem, na maioria das vezes, assume as tarefas domésticas junto com a mulher. Apesar do modelo antigo de ralação patriarcal ainda continuar no inconsciente coletivo, com a entrada da mulher no mercado de trabalho o homem passou a participar mais da educação e dos cuidados com o filho e passou de provedor familiar para um papel de maior engajamento nas atividades domésticas junto com a mulher.
É de fundamental importância o homem participar e acompanhar as mudanças que vem ocorrendo no mundo feminino. Podemos Perceber que o homem as vezes se assusta com tantas mudanças, e tão rápidas e se sente desprotegido, perdido. É preciso que ele participe mais da vida familiar, dividindo e compartilhando das responsabilidades e tarefas domésticas, sendo que vivemos uma vida a dois é preciso ajudar na criação e na educação dos filhos, e tudo mais. O homem não pode mais ser aquele homem que chega em casa e fica esperando ser servido por uma mulher, esse período já passou há muito tempo, agora há muitas mudanças, bastante consideráveis, mas ainda há muito que mudar. Este papel a ser desempenhado pelo homem junto à mulher contribuirá e muito para o crescimento dele e de sua família. Para o fortalecimento de vínculos afetivos que a família vem necessitando tanto. Além de dar mais segurança para a mulher, ela estará menos cansada, sentirá mais valorizada, porque não é fácil para ela desempenhar tantos papéis, exercer tripla jornada de trabalho, com baixos salários, e ainda ter que dar conta dos trabalhos domésticos e educar seus filhos sozinhas, com toda certeza se haver colaboração por parte dos dois a vida será bem mais fácil para ambos.

Homossexualidade


A Organização Mundial da Saúde (OMS) e as principais associações científicas internacionais deixaram de classificar a homossexualidade como uma doença a partir dos anos 1970. Desde 1974, a Associação Norte-Americana de Psiquiatria (APA) não mais considerou a homossexualidade como distúrbio mental. Por não aceitar que a homossexualidade seja considerada uma doença, a OMS, em 1985, excluiu-a do Código Internacional de Doenças (CID). Em 1987, a APA aprovou que seus membros não usassem mais como diagnóstico códigos que patologizassem a homossexualidade. Em 1993, o termo “homossexualismo” foi substituído por “homossexualidade”. No Brasil, o Conselho Federal de Psicologia do Brasil estabeleceu, em dezembro de 1998, que os psicólogos não deveriam exercer qualquer ação que favorecesse a patologização de comportamentos ou práticas homoeróticas, ou mesmo colaborar com eventos e serviços que propusessem “tratamento” e “cura” da homossexualidade. O Conselho Federal de Medicina retirou a homossexualidade da condição de desvio sexual em 1985. No entanto, essas instituições ainda consideram a transexualidade e a travestilidade como doenças. Nesse sentido, persiste uma concepção patologizada da experiência de gênero que as pessoas “trans” desenvolvem. Por isso, existe uma forte mobilização internacional, por parte de especialistas e de várias forças sociais, para retirar as experiências “trans” do CID e da APA.

Vídeo Medo de Que?







Conceitos de Gênero, Sexo e Sexualidade.



Gênero e sexo são a mesma coisa?

Gênero
É o conjunto de características sociais, culturais, políticas, psicológicas, jurídicas e econômicas atribuídas às pessoas de forma diferenciada de acordo com o sexo.
As características de gênero são construções sócio-culturais que variam através da história e se referem aos papéis psicológicos e culturais que a sociedade atribui a cada um do que considera “masculino” ou “feminino”.

Sexo
São características físicas, biológicas, anatômicas e fisiológicas dos seres humanos que os definem como macho ou fêmea. Reconhece-se a partir de dados corporais, genitais, sendo o sexo uma construção natural, com a qual se nasce.


A diferença de sexo torna homens e mulheres desiguais?

Qual a importância da sexualidade e da orientação sexual para as políticas públicas?

Sexualidade é o termo abstrato utilizado para se referir às capacidades associadas ao sexo, enquanto sexo tem vários significados.

“Em linhas gerais, assumindo (Cf  Garcia Castro, Mary) gênero como uma construção sociológica, político-cultural do termo sexo, chama-se atenção para que:

  • sexo não é uma variável demográfica, biológica ou natural, mas traz toda uma carga cultural e ideológica. Como declara Beauvoir, ‘ninguém nasce mulher, torna-se mulher’. Nesta acepção está a indicação implícita para a necessidade de referências concretas sobre a identidade masculina e feminina;

  • não se pode compreender o específico da identidade feminina, sua posição na sociedade, a valorização ou desvalorização de seu trabalho, as divisões sexuais de trabalho/poder/exercício do erótico se não se compreende o específico da identidade masculina e o comum ao humano, já que homem e mulher são construções de gênero no humano – daí, insistimos, a necessidade de análises comparativas e relacionais;

  • gênero se realiza culturalmente, por ideologias que tomam formas específicas em cada momento histórico e tais formas estão associadas a apropriações político-econômicas do cultural, que se dão como totalidades em lugares e períodos determinados. Este último enfoque é uma contribuição de autores marxistas no sentido de tirar o feminismo do plano idealista, negando-se que as discriminações se reproduzem pela perversidade  natural dos homens, e chamando a atenção para um sistema de relações que se perpetua porque serve a interesses, ainda que não tenham sido diretamente engendrados para tal fim.

“Como gênero é relacional, quer enquanto categoria analítica, quer enquanto processo social o conceito deve ser capaz de captar a trama das relações sociais, bem como as transformações historicamente por elas sofridas através dos mais distintos processos sociais, trama essa na qual as relações de gênero têm lugar. (Saffioti, 1992)


“Gênero deve ser visto como elemento constitutivo das relações sociais, baseadas em diferenças percebidas entre os sexos, e como sendo um modo básico de significar relações de poder” (Scott, 1990).

Discriminação Étnica Racial das Crianças Quilombola da Comunidade Monte Alegre.

Plano de Ação

Objetivo Geral da Ação:

O objetivo deste trabalho é o de analisar buscando uma, dentre as possíveis compreensões dos significados de ser criança negra e quilombola na Escola e no Quilombo, e as conseqüências desses significados no processo de construção da identidade.
Fazer um levantamento sobre a discriminação e preconceitos sofridos no ambiente escolar pelas crianças que vivem hoje na comunidade quilombola de Monte Alegre. 

Justificativa:

Faz­se  necessário para  formação da  identidade consciente  da  criança negra  a valorização de  suas raízes e  dos valores dos seus ancestrais, pois estes têm requisitos tão importantes para a construção desta nação quanto à identidade dos demais povos. O fato de elas serem crianças negras quilombolas o que confere a elas uma singularidade, pois trata de sujeitos que vivem uma condição duplamente subjugada e inferiorizada.